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'Dano está feito': economistas avaliam impacto do vaivém tarifário de Trump na economia
2025-04-10
IDOPRESS
Trump anuncia 10% de taxa para produtos brasileiros — Foto: reprodução
RESUMO
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Impacto das tarifas de Trump gera incertezas e volatilidade global
Economistas avaliam que as medidas tarifárias de Donald Trump geraram incertezas na economia global. Após anunciar uma pausa de 90 dias nas tarifas,o mercado reagiu positivamente,mas especialistas alertam para os danos já causados. Goldman Sachs retirou previsão de recessão nos EUA,mas a volatilidade das políticas ainda preocupa. A oscilação nos títulos do Tesouro reflete o impacto dessas decisões.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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O mercado respirou aliviado e terminou hoje mais um dia de caos financeiro em alta. Mas economistas e analistas que acompanham os desdobramentos da ofensiva tarifária do presidente americano,Donald Trump,não estão nada otimistas com o impacto das medidas na maior economia do mundo e nos outros países.
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O alivio nas bolsas veio após presidente americano Donald Trump anunciar no início da tarde uma pausa de 90 dias na cobrança de tarifas em todos os países que não retaliaram na guerra comercial iniciada por ele mesmo,
A medida não vale para a China,que agora passará a ter uma "dose extra" de tarifas,com a taxa aplicada sobre seus produtos chineses que entram nos EUA subindo dos atuais 104% para 125%.
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Mais tarde,o presidente americano afirmou que haverá negociação sobre tarifas com Pequim e com "todos" os demais países: "Um acordo será alcançado com a China". A afirmação indicou sua expectativa de que o governo chinês busque a mesa de negociação. Ele afirmou que a China quer negociar,"mas não sabe como fazer".
O comportamento errático de Trump foi criticado por economistas como Larry Summers,ex-secretário do Tesouro dos EUA,que chegou a classificar a estratégia do republicano como digna de "uma república das bananas".
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"Os valentões recuam. É trágico ver os Estados Unidos seguindo abordagens de políticas de repúblicas de bananas e padrões de mercado",escreveu Summers em uma publicação no X,que vinha alertando para o risco de as medidas de Trump provocarem um choque econômico equivalente ao das crises do petróleo nos anos 1970. Ele destacou ainda o impacto na credibilidade do país. "Estamos longe de sair da crise. Muita credibilidade foi perdida. Tenham medo."
Goldman Sachs revisa previsão de recessão nos EUA
Economistas do Goldman Sachs retiraram sua previsão de recessão nos Estados Unidos após o presidente Donald Trump anunciar uma pausa de 90 dias na maioria das tarifas previamente anunciadas,embora analistas ainda enxerguem a incerteza na política econômica como fator de forte desaceleração neste ano.
– Mais cedo hoje,antes do anúncio do presidente Trump,havíamos adotado a recessão como cenário-base em resposta às tarifas adicionais específicas por país que entraram em vigor nesta manhã – afirmou a equipe do Goldman Sachs,liderada por Jan Hatzius,em nota divulgada na quarta-feira. – Agora,estamos voltando à nossa previsão anterior,sem recessão como cenário-base.
A reversão rápida destaca os desafios enfrentados por analistas e investidores ao tentar estimar os impactos econômicos da política comercial do governo,que às vezes muda de uma hora para outra. Pouco antes das 13h em Nova York,a equipe do Goldman publicou uma nota dizendo que uma recessão nos EUA era agora o cenário principal,com probabilidade de 65% nos próximos 12 meses.
Minutos depois,às 13h18,Trump publicou no Truth Social que estava implementando uma pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas acima do piso de 10% sobre bens importados de parceiros comerciais,com exceção da China. A notícia fez o mercado de ações disparar. Os economistas do Goldman então divulgaram uma nova nota às 14h10 revertendo sua projeção anterior.
'Isso é uma loucura'
Omair Sharif,fundador da Inflation Insights,empresa que acompanha com precisão os movimentos de preços em diversos setores,afirmou que "o aumento para 125% nas importações chinesas praticamente compensa a redução das tarifas sobre outros países e leva a pouca ou nenhuma mudança na perspectiva de inflação no curto prazo".
Sua projeção é que a inflação aumente mesmo com a desaceleração do crescimento nos próximos meses.
Diane Swonk,economista-chefe da KPMG e uma das muitas economistas do setor privado que passaram horas calculando o impacto do plano tarifário maximalista de Trump — que entrou em vigor à meia-noite e foi suspenso à tarde — não mediu palavras ao expressar sua frustração com o vaivém:
– Isso é uma loucura. O dano está feito. O alívio do mercado é uma falsa sensação,a menos que o governo faça uma correção de rota significativa – afirmou,acrescentando: – A incerteza é,por si só,um imposto sobre a economia.
Impacto nos títulos do Tesouro
Os especialistas também manifestam preocupação com o impacto das medidas de Trump nos títulos públicos dos EUA,que viveram forte oscilação hoje.
A quarta-feira começou com preocupações crescentes sobre a estabilidade do maior mercado de dívida do mundo,à medida que continuava a sequência de quedas nas ações e nos títulos do Tesouro. Mas,à tarde,a narrativa virou de forma abrupta e completa,transformando-se em uma euforia por risco após o anúncio de Trump de uma pausa nas tarifas recíprocas mais altas contra a maioria dos países.
A reviravolta provocou oscilações enormes nos títulos. O rendimento dos Treasuries de dois anos — o vencimento mais sensível às expectativas em relação à política do Federal Reserve — disparou até 30 pontos-base,maior movimento intradiário desde 2009,à medida que os investidores reduziram suas apostas em cortes de juros. Agora,esperam três reduções até o fim do ano,em comparação com quatro projetadas mais cedo no dia.
Enquanto isso,os rendimentos dos títulos de 30 anos apagaram o avanço anterior,em parte porque diminuíram os temores de que o aumento das tarifas reacenderia a inflação. O rendimento do título de longo prazo caiu para até 4,7%,após ter alcançado 5,02%,o maior nível desde 2023.
Para Zachary Griffiths,head de Grau de Investimento e Estratégia Macroeconômica do CreditSights,a confusão provocada pelas tarifas de Trump não ajuda o mercado de títulos americanos,os Treasuries.
— O movimento tradicional de apetite por risco elevando os rendimentos dos Treasuries ou,por outro lado,os temores de aversão ao risco provocados pela guerra comercial pressionam os rendimentos para cima,devido a uma possível venda por estrangeiros ou ao desmonte de basis trades — disse Griffiths.
Com AFP e Bloomberg
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