Bruna Marquezine e Sérgio Malheiros em cena da comédia romântica 'Amor da minha vida',série criada por Matheus Souza — Foto: Divulgação

RESUMO

GERADO EM: 19/03/2025 - 19:29

Bruna Marquezine: Símbolo de Gerações e Evolução na TV Brasileira

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Como sabemos que estamos envelhecendo? Dor aqui ou acolá,vontade maior de ficar em casa,ressaca que mais parece um coma. Todas estas respostas podem estar certas. Uma outra maneira é sentir que perdeu o elo de ligação com as gerações seguintes: quando não se tem TikTok (nem tem vontade de ter) ou não se sabe quem é a nova cantora sertaneja da vez (nem tem vontade de saber).

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Quem nasceu no final dos anos 1970 e começo dos anos 1980 vive espremido entre a Geração X (nascidos entre 1965 e 1980) e os Millennials (nascidos no começo dos anos 1980). São nativos que lidam relativamente bem com tecnologia,mas que nasceram analógicos. Se viram com inteligência artificial,mas pesquisaram na Barsa. Têm lampejos na memória da ditadura e da inflação,mas viveram a maior parte da vida na democracia e na estabilidade econômica. É um buraco mal resolvido no tempo.

Uma outra forma de saber-se já com uma certa idade é ter a memória fresca da Bruna Marquezine jorrando lágrimas pela morte da mãe na novela “Mulheres apaixonadas”. Parece que foi ontem. Mas se passaram 20 anos. E não foi só para ela. Não sei debaixo de qual pedra estava,mas,de lá pra cá,a vi mais uma ou duas vezes em fotos com o ex-namorado famoso. A distância fez bem. A atriz reapareceu para mim agora,como protagonista da série “Amor da minha vida” (Prime) e devo dizer: Bruna Marquezine virou um mulherão. As fofocas sobre sua vida particular não me influenciam,então acredito de cara que ela é a Bia que interpreta na série,uma jovem com a vida meio mal resolvida,sem grana,meio fracassada na carreira e com dificuldades para se relacionar. O humor de Bia é delicioso. E quando Bia chora é de partir o coração.

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Estou longe de ser crítico de TV — para isso temos a querida Patrícia Kogut —,como espectador,arrisco dizer que a câmera gosta de Bruna Marquezine como gosta de poucas atrizes,como se apaixonou por Sonia Braga em “Gabriela” e por Malu Mader em “Top model”. E Bruna sabe jogar com isso a seu favor. Bem cercada por Sergio Malheiros,Malu Rodrigues,Rayssa Bratillieri,Danilo Mesquita,Cissa Guimarães e Sophia Abrahão,guiados pela direção segura e criativa de René Sampaio,ela também se arrisca por trás das câmeras,porque furacão que é furacão não vem ao mundo de brincadeira.

Talvez a minha geração,mais velha que a da Bruna,não seja o público-alvo de “O amor da minha vida”. Mas a série tem o mérito de explicar às gerações anteriores,sem didatismo ou caretice,as angústias,tristezas,alegrias e urgências de quem está beirando os 30 anos hoje. Não é pouca coisa. Mérito da equipe de roteiristas,liderada por Matheus Souza.

“Amor da minha vida” acabou eclipsada pela época do seu lançamento,o final de 2024,quando as atenções estão dispersas em comemorações familiares e rankings de melhores do ano. É uma pena. Quem for de coração aberto para “Amor da minha vida” vai se encantar.