Vivi para contar: 'A toda hora escutava o barulho das grades batendo', conta diarista presa por engano

2025-03-20     IDOPRESS

Débora Cristina da Silva Damasceno foi presa por engano em Petrópolis — Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 19/03/2025 - 22:10

Erro judicial em MG: Diarista é presa por engano e libertada no RJ

Débora Cristina da Silva Damasceno,diarista de 42 anos,enfrentou um pesadelo após ser presa por engano. Um erro da Justiça de Minas Gerais a confundiu com uma foragida por tráfico de drogas. Após três dias,a Justiça do Rio reconheceu a falha e a libertou. Ela relatou ao GLOBO o trauma vivido na cadeia,onde dividiu cela com 24 mulheres e sofreu com picadas de insetos. Determinada a recomeçar,Débora planeja mudar-se para o Rio.

O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.

CLIQUE E LEIA AQUI O RESUMO

Setenta e duas horas após sofrer uma agressão do companheiro e ter sido presa por engano ao registrar uma ocorrência de violência doméstica na 105ª DP (Petrópolis),na Região Serrana,a diarista Débora Cristina da Silva Damasceno,de 42 anos,ainda guarda no corpo e na memória as marcas da passagem pelo cárcere.

'Fica ligado': com previsão de chuva forte no Rio,Paes dá recado para cariocasMelhor cidade para nômades digitais: temperatura média,custo de vida e internet boa levam Rio a liderar ranking internacional

Por um erro,ela teve seus dados pessoais inseridos em um mandado de prisão emitido pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais e acabou confundida com uma foragida acusada de tráfico de drogas. A Justiça mineira informou que a corregedoria apura o caso.

Depois de três dias,Débora deixou a prisão,anteontem,quando a falha foi reconhecida pela Justiça do Rio. Aos prantos,ela mostrava as pernas e os braços cobertos por mordidas de percevejo:

— Tive pesadelo na primeira noite fora da prisão. A toda hora eu escuto o barulho do cadeado e das grades batendo. Fui toda picada por insetos,estou me coçando toda.

Débora Cristina da Silva Damasceno foi presa por engano em Petrópolis. Na foto,ela (de camiseta preta) aparece ao lado da família — Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

A diarista contou ao GLOBO o que passou nos últimos dias:

“No domingo,fui a um churrasco na casa da minha irmã com meu companheiro. A gente bebeu lá. Eu ia dormir na minha mãe. Ele quis ir embora e começou uma discussão. Ele me deu um tapa na cara e começou a puxar meu cabelo. Na rua,me bateu novamente com um soco. Foi a primeira vez que ele me agrediu,mas acabou. Não quero mais.

Chamaram uma viatura policial. Meu companheiro foi embora,e o carro da polícia me levou para a Unidade de Pronto Atendimento. Fui examinada e minha pressão estava alta. Dali,fui levada para a delegacia. Fiz exame de corpo de delito para registrar a violência doméstica.

Logo que terminou a ocorrência,eles (policiais) falaram que eu tinha um mandado de prisão. E que estava recebendo ali a voz de prisão. Disseram que eu estava presa por conta de uma sentença com uma condenação de nove anos e quatro meses por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Falaram que o crime foi em Belo Horizonte. Expliquei a eles que nunca havia estado lá,que eu nem sei como se faz para chegar a Belo Horizonte. Eu pedi que olhassem meus dados e checassem o que estava escrito no mandado. Eles disseram que,no documento,além do meu nome,constavam a filiação e o meu CPF.

Na hora,fiquei desesperada. Vi a esposa de um colega meu,que estava entrando na delegacia com uma amiga. Falei; ‘pelo amor de Deus,me ajuda! Liga para minha família e avisa que fui presa injustamente’. Passei a noite toda de domingo no porquinho (cela provisória nas delegacias,onde os presos ficam aguardando remoção). É um espaço quadrado com grades em que você fica esperando até ser transferida para outro local. Não consegui dormir a noite toda.

Na segunda-feira,um policial avisou que minha mãe e minha irmã estavam lá na delegacia. Só então vi as duas. Comecei a falar com elas,mas logo o policial me avisou para eu voltar para o porquinho porque o carro que faria minha transferência já estava lá. Fui algemada e levada para o transporte.

Na hora que saí da delegacia,eu estava sozinha no carro. Quando a viatura parou na 106ª DP (Itaipava),vieram outros presos. Vieram uns dez presos na mesma viatura. Era só eu de mulher. Eu fiquei muito constrangida porque estava usando uma jardineira,curta. Mas,graças a Deus,me respeitaram. Em momento algum falaram algo para me ofender. Eles (os presos) me respeitaram totalmente.

Sem cama

Em Benfica,fiquei de segunda a terça-feira. Fiquei numa cela com 24 mulheres,no chão. Também não consegui dormir,pensando em tudo que havia acontecido comigo. Na audiência de custódia,na terça-feira,meu advogado já chegou com os papéis que comprovavam que eu não era a pessoa que deveria estar presa. Que eu não era a Débora que praticou os crimes em Belo Horizonte. Aí,na mesma hora,o juiz pediu para tirarem as algemas. Fiquei aliviada quando soube que seria solta. Depois,fiquei em uma sala esperando o alvará chegar. Ao voltar para casa,fui recebida com um verdadeiro banquete,tinha até pizza.

Agora não vou voltar para Petrópolis,vou recomeçar a vida aqui (no Rio)”.

Declaração: Este artigo é reproduzido em outras mídias. O objetivo da reimpressão é transmitir mais informações. Isso não significa que este site concorda com suas opiniões e é responsável por sua autenticidade, e não tem nenhuma responsabilidade legal. Todos os recursos deste site são coletados na Internet. O objetivo do compartilhamento é apenas para o aprendizado e a referência de todos. Se houver violação de direitos autorais ou propriedade intelectual, deixe uma mensagem.