Queda de braço

2025-03-20     IDOPRESS

Pesquisa revela grande desaprovação do mercado com o ministro da Fazenda,Fernando Haddad — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

RESUMO

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GERADO EM: 19/03/2025 - 22:35

Desconfiança no Mercado: Desafios Econômicos para Governo Lula

O mercado financeiro continua cético quanto à capacidade de Lula em alterar a rota econômica de seu governo,refletindo uma desconfiança histórica iniciada em 2002 com o "Lulômetro". A pesquisa Quaest revela a perda de confiança dos gestores financeiros em Fernando Haddad,acentuando temores de uma política econômica insustentável. Mesmo com um cenário econômico favorável,a incerteza persiste sobre o futuro sob a liderança de Lula.

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Não é de hoje que o presidente Lula tem o mercado financeiro como um dos principais adversários em sua vida política,por uma visão ideológica que enxerga o capitalismo como projeto de poder que privilegia as classes dominantes na sociedade. Embora tenha sido um dos mais populares líderes políticos do país,nunca obteve maioria no Congresso. Sempre usou a pressão popular para forjar maiorias eventuais e aprovar seus projetos.

Essas maiorias,como se sabe historicamente,sempre surgiram com o apoio de partidos que,em troca,recebiam pequenas,mas importantes,parcelas do Estado brasileiro como compensação,sem que Lula precisasse aproximar-se politicamente deles,nem que tivessem voz nas decisões do governo. Recompensas por meio de estatais como a Petrobras,como no caso do petrolão,esquema descoberto pela Operação Lava-Jato,ou simplesmente de outras,como no mensalão.

A situação se definiu desde quando,em 2002,pela primeira vez o mercado financeiro estabeleceu parâmetros “técnicos” para avaliar o peso de uma vitória de Lula para a Presidência da República na cotação do dólar ou no aumento do risco Brasil. Um analista do banco de investimentos Goldman Sachs chamado Daniel Tenengauzer criou então o “Lulômetro”,um modelo matemático que tentava antecipar quanto a cotação do dólar subiria em relação ao real a cada ponto que Lula subisse nas pesquisas.

O Lulômetro começou em maio de 2002 com o dólar a R$ 2,52,e o analista previa que,em caso de uma vitória de Lula,o dólar chegaria a R$ 3,04 — alta de 20,6% em cinco meses. Ao final da eleição,o dólar estava em R $ 3,82. Lula assumiu em meio a uma crise financeira e manteve a política econômica de seu antecessor até conseguir a confiança do mercado para andar pelas próprias pernas. A ponto de ter de convidar o banqueiro Henrique Meirelles,recém-eleito deputado federal pelo PSDB,para presidir o Banco Central do primeiro governo petista.

A substituição do ministro da Fazenda,Antonio Palocci,por Guido Mantega marcou também o ponto de inflexão da política econômica brasileira. Desde então,Lula tem fama de gastador,e a percepção de que o futuro da economia brasileira está ameaçado devido a essa tendência só pode ser revertida pelo próprio Lula. É ele quem comanda,sem contraste,um governo com um presente econômico bastante bom,mas que pode se transformar numa crise grave fiscal.

Não é à toa que,no mundo financeiro,acredita-se que só um “cavalo de pau” pode nos salvar. Uma maneira delicada de dizer que só outro governo,não este,colocará o país nos trilhos novamente. A maldade do mercado financeiro,que faz a Bolsa subir ao anúncio de uma doença do presidente,reflete esse anseio por um novo governo. Cruel recado,mesmo que metafórico.

Enquanto os economistas ortodoxos consideram o mercado financeiro uma fonte inestimável de informações,que leva em conta a meritocracia e a competição,“as mães da destruição criadora,a alma do capitalismo”,na definição do economista Joseph Schumpeter,há quem,como Lula,veja esse mercado como puramente especulativo,em busca de lucro a qualquer custo. O resultado da pesquisa Quaest,mostrando que os principais gestores financeiros do país perderam a confiança no ministro da Fazenda e que consideram o governo Lula 3 um fiasco,é uma prolongação desse sentimento que persiste por quase 25 anos.

Não há nada de anormal nisso,a não ser a informação de que os mercados,e não apenas o brasileiro,não acreditam que Lula tenha condições de mudar a rota que traçou para seu governo. E porque não quer mudar,não porque não consiga. A derrocada de confiança em Fernando Haddad é o pior resultado da pesquisa,pois registra o que o mercado mais teme: a rota econômica já foi alterada sem que o ministro possa fazer alguma coisa,pois não tem força interna no PT para bancar essa mudança.

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