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'Oxigênio escuro': descoberta nas profundezas do mar questiona origem da vida na Terra e divide cientistas; entenda
2025-03-18
IDOPRESS
Nódulos polimetálicos e um ouriço abissal — Foto: National Oceanography Centre / Smartex project (NERC) / AFP
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 17/03/2025 - 08:15
Descoberta de "oxigênio escuro" desafia origem da vida na Terra
A descoberta de "oxigênio escuro" no fundo do mar,apresentada em julho na Nature Geoscience,desafia a ideia de que a vida na Terra surgiu apenas com a fotossíntese. Nódulos polimetálicos poderiam gerar eletricidade suficiente para eletrólise,produzindo oxigênio sem luz solar. O estudo,financiado por uma mineradora canadense,gerou intenso debate científico e preocupações ambientais. Cientistas questionam a metodologia,enquanto ambientalistas alertam para riscos ecológicos da mineração submarina.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Poderiam rochas metálicas irregulares nas partes mais profundas e escuras do oceano estarem produzindo oxigênio na ausência de luz solar? Alguns cientistas pensam assim,mas outros desafiam a alegação de que o chamado "oxigênio escuro" venha do abismo sem luz do fundo do mar.
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A descoberta — detalhada em julho passado no periódico Nature Geoscience — questionou postulações antigas sobre as origens da vida na Terra e desencadeou um intenso debate científico,além do interesse de empresas de mineração ansiosas por extrair os metais preciosos contidos nesses nódulos polimetálicos.
Pesquisadores disseram que nódulos do tamanho de batatas podem estar produzindo corrente elétrica suficiente para dividir a água do mar em hidrogênio e oxigênio,um processo conhecido como eletrólise.
Isso lançou dúvidas sobre a visão há muito estabelecida de que a vida foi possível quando os organismos começaram a produzir oxigênio por meio da fotossíntese,que requer luz solar,cerca de 2,7 bilhões de anos atrás.
"A descoberta em alto mar questiona as origens da vida",disse a Associação Escocesa de Ciências Marinhas em um comunicado à imprensa para acompanhar a publicação da pesquisa.
Ecossistema delicado
Ambientalistas disseram que a presença de oxigênio escuro mostrou o quão pouco se sabe sobre a vida nessas profundidades extremas e destacaram que a mineração em alto mar representa riscos ecológicos inaceitáveis.
"O Greenpeace faz campanha há muito tempo para impedir que a mineração em alto mar comece no Pacífico devido aos danos que ela pode causar aos delicados ecossistemas de alto mar",disse a organização ambiental. "Esta descoberta incrível ressalta a urgência desse chamado".
A descoberta foi feita na Zona Clarion-Clipperton,uma vasta região subaquática do Oceano Pacífico entre o México e o Havaí de crescente interesse para empresas de mineração.
Espalhados no fundo do mar a quatro quilômetros abaixo da superfície,nódulos polimetálicos contêm manganês,níquel e cobalto,metais usados em baterias de carros elétricos e outras tecnologias de baixo carbono.
A pesquisa que deu origem à descoberta do oxigênio escuro foi parcialmente financiada por uma empresa canadense de mineração em águas profundas,a The Metals Company,que queria avaliar o impacto ecológico dessa exploração. Ela criticou duramente o estudo do ecologista marinho Andrew Sweetman e sua equipe por supostas "falhas metodológicas".
Michael Clarke,gerente ambiental da The Metals Company,disse à AFP que as descobertas "são mais logicamente atribuíveis a uma técnica científica ruim e ciência de má qualidade do que a um fenômeno nunca antes observado".
Dúvidas científicas
As descobertas de Sweetman se mostraram explosivas,com muitos na comunidade científica expressando reservas ou rejeitando as conclusões.
Desde julho,cinco artigos de pesquisa acadêmica refutando as descobertas de Sweetman foram submetidos para revisão e publicação.
— Ele não apresentou provas claras para suas observações e hipóteses — disse Matthias Haeckel,biogeoquímico do GEOMAR Helmholtz Centre for Ocean Research em Kiel,Alemanha. — Muitas perguntas permanecem após a publicação. Então,agora a comunidade científica precisa conduzir experimentos semelhantes e provar ou refutar isso.
Olivier Rouxel,pesquisador de geoquímica do Ifremer,o Instituto Nacional Francês de Ciência e Tecnologia Oceânica,disse à AFP que não havia "absolutamente nenhum consenso sobre esses resultados".
— A amostragem em alto mar é sempre um desafio — disse ele,acrescentando que era possível que o oxigênio detectado fosse "bolhas de ar presas" nos instrumentos de medição.
Ele também estava cético sobre nódulos em alto mar,alguns com dezenas de milhões de anos,ainda produzindo corrente elétrica suficiente quando "as baterias acabam rapidamente".
— Como é possível manter a capacidade de gerar corrente elétrica em um nódulo que é extremamente lento para se formar? — ele perguntou.
Quando contatado pela AFP,o ecologista Sweetman indicou que estava preparando uma resposta formal aos questionamentos ao estudo.
— Esses tipos de idas e vindas são muito comuns em artigos científicos e movem o assunto para frente — disse ele.
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