Diretoras de filmes de horror são destaque em mostra no Rio

2025-03-17     IDOPRESS

Cena de 'O animal cordial' serviu como fonte de inspiração para 'A substância' — Foto: Josué Souza

RESUMO

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GERADO EM: 12/03/2025 - 19:22

"Mostra no CCBB Rio Exalta Diretoras de Horror e Desafia Normas"

A mostra “Mestras do Macabro” no CCBB Rio destaca diretoras de filmes de horror,evidenciando a força feminina no gênero e resgatando nomes negligenciados. Cineastas como Gabriela Amaral Almeida e Juliana Rojas mostram a pujança contemporânea,trazendo narrativas complexas que evitam a violência gratuita. A curadora Bia Saldanha seleciona raridades nunca exibidas no Brasil,enquanto novas diretoras,inspiradas pela cena efervescente,desafiam normas patriarcais.

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Ao saber que uma cena de seu filme “O animal cordial” (2017) estava na pasta de referências usada por Coralie Fargeat para “A substância”,a cineasta paulistana Gabriela Amaral Almeida não teve dúvidas: “Só mesmo uma diretora mulher para chegar até um longa de horror brasileiro com pouca divulgação no exterior”. A presença feminina no comando dessas produções não é necessariamente uma novidade,mas a pujança da cena contemporânea chama atenção e adiciona novas camadas ao gênero. No Brasil,Gabriela é um dos nomes mais bem-sucedidos. Seu último longa,“A sombra do pai” (2018),arrebatou três troféus no Festival de Cinema de Brasília e foi indicado a melhor filme no Festival Internacional de Cinema de Tóquio. Ela acaba de rodar mais um longa,uma versão brasileira de “O quarto do pânico”,e já se prepara para voltar aos sets no ano que vem.

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Aficionada por sagas horripilantes desde jovem,a cineasta reconhece que começou a se inspirar por referências masculinas,como Alfred Hitchcock (1899-1980),já que as mulheres foram historicamente negligenciadas. “Como estudei Cinema,fui buscá-las por conta própria”,recorda-se. “Eram filmes que não passavam na TV nem estavam nas locadoras.”

Mavi diz se inspirar pelo sucesso de colegas — Foto: Arquivo pessoal

Mas elas sempre estiveram presentes. A mostra “Mestras do Macabro”,em cartaz no CCBB Rio até 14 de abril,é uma boa oportunidade para tirar esse atraso. Na seleção feita pela curadora Bia Saldanha há raridades,como “A fria luz do dia” (Reino Unido,1989),de Fhiona Louise,e “O pesadelo de Celia” (Austrália,de Ann Turner. “Ambos nunca foram exibidos no Brasil nem estão em plataformas de streaming”,comenta Bia. “O primeiro é uma pepita,e a diretora tinha 21 anos quando o fez. Já o segundo é uma ótima mescla de fantasia com horror e infância.”

O apagamento dessas profissionais é recorrente e,muitas vezes,cruel. Doutora em História pela Universidade Federal do Paraná e pesquisadora de cinema de horror,Gabriela Larocca cita o caso de Milicent Patrick (1915-1998),a verdadeira criadora do design do personagem-título do clássico “O monstro da Lagoa Negra”,de 1954,que sequer aparece nos créditos da obra cinematográfica.

Gabriela e as demais entrevistadas reiteram que o fato de serem mulheres não faz de suas obras uma militância. Mesmo assim,reconhecem o quanto a presença delas,frente à resistência masculina,é importante para que novas narrativas entrem em cena. São filmes que tendem,por exemplo,a não naturalizar a violência contra os corpos de minorias,algo recorrente em clássicos do slasher dos anos 1970 e 1980. “Trazem um olhar diferente”,comenta a pesquisadora. “E o horror é ótimo para você dialogar com medos e ansiedades da época.”

Alice ressalta a diversidade na produção feminina — Foto: Arquivo pessoal

Diretora de “Terminal Praia Grande” (2019),em cartaz na mostra do CCBB,a maranhense Mavi Simão observa que a cena efervescente inspira novos trabalhos. E cita Gabriela Amaral e Juliana Rojas como referências. “Elas têm muita repercussão em festivais. A Juliana já ganhou prêmio em Berlim (Melhor Direção na mostra Encounters,em 2014,por ‘Cidade; campo’)”,comenta. “Trazemos narrativas mais complexas e filmes assustadores em que você não vê uma gota de sangue. A tensão se dá na profundidade das personagens,não trabalhamos a violência como um elemento tão importante.”

Alice Furtado,que tem “Sem seu sangue” (2019) na programação do CCBB,concorda. “É uma cena diversa,mas talvez exista uma vontade de transgredir. Conectar-se com ideias de mundo menos cartesianas,expressar desejos reprimidos e assumir uma postura menos dócil”,afirma a carioca. “Vivemos em um planeta cada vez mais enlouquecido,com um patriarcalismo doente,perseguindo velhas ideias. Passou da hora de revermos as formas de olhar para a realidade,e as mulheres têm um papel fundamental nisso.”

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