Minerais críticos abrem caminho promissor ao Brasil

2025-03-17     IDOPRESS

Exploração de lítio em Minas Gerais — Foto: Divulgação/ 15/11/2022

A proposta de Donald Trump para encerrar a guerra na Ucrânia envolve um acordo que garanta aos Estados Unidos acesso a minerais críticos do subsolo ucraniano. Os americanos hoje importam 16 de um grupo de 51 minérios estratégicos para a transição energética,com aplicações nas indústrias de defesa,aeroespacial,na produção de baterias,painéis solares,semicondutores e noutros segmentos do setor eletroeletrônico.

Há aí um recado para o Brasil,que também concentra reservas desses minerais. O solo brasileiro abriga a terceira maior reserva dos 17 elementos químicos conhecidos como “terras raras”. Também contém a maior reserva global de nióbio (94% da disponibilidade no planeta),a segunda maior de grafite,a terceira de níquel e é o quinto maior fornecedor de lítio. No ano passado,o país exportou 2 milhões de toneladas desses minérios,com receita de US$ 6,3 bilhões,e importou 400 mil toneladas,por US$ 4,4 bilhões. Tem saldo positivo nesse comércio,que pode crescer e gerar novos negócios.

Terras raras: o que são e por que estão no centro de acordo entre Ucrânia e Trump sobre exploração mineral?

É inevitável que o governo americano venha tratar do assunto com o brasileiro em algum momento,segundo disse ao GLOBO o ex-ministro da Defesa e ex-deputado federal Raul Jungmann,hoje presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Os minerais críticos estão no centro da atual corrida tecnológica. Não foi por acaso que surgiram nos embates diplomáticos da guerra entre Ucrânia e Rússia. “Se aumentarmos o conhecimento de nosso território,subiremos posições nesses [os conhecidos] e em outros minerais críticos”,diz Ronaldo Carmona,professor da Escola Superior de Guerra (ESG). Por isso o Brasil tem tudo para se tornar um dos principais alvos nessa disputa geopolítica global,aumentando seu poder de barganha em acordos de transferência de tecnologia.

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É importante,nos embates diplomáticos que inevitavelmente se sucederão,o Brasil não se limitar à posição de mero fornecedor de matéria-prima. Precisa desenvolver tecnologia para aproveitar ao máximo o acesso aos minerais. Grande exportador de minério de ferro,o país não deixou de desenvolver uma indústria siderúrgica. Da mesma forma,precisa agregar valor aos demais minerais. Quanto mais usar o lítio na produção de baterias e celulares ou nas indústrias automobilística e aeronáutica,melhor será o resultado. Idealmente,deveria fazer o mesmo com silício em semicondutores e vidros especiais,cobre nos geradores eólicos e na transmissão de eletricidade e terras raras nos veículos elétricos.

Para tudo isso,porém,o fator crítico é formar mão de obra especializada e desenvolver conhecimento técnico. Dadas as deficiências crônicas do Brasil na educação,nem sempre será possível. Ao mesmo tempo,os acordos para exportação dos minerais trazem oportunidades de suprir tais deficiências que não devemos deixar passar. Para o governo americano,seria muito mais confortável dispor de um fornecedor de minerais críticos,de preferência beneficiados,na América do Sul do que na Ucrânia,na tensa fronteira com a Rússia. O Brasil precisará saber aproveitar esse caminho promissor que se abre para o futuro do país.

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