04-09
Todos temos de abraçar Fernanda Torres
2025-03-17
IDOPRESS
Fernanda Torres no tapete vermelho do Oscar 2025 — Foto: Robyn Beck/AFP
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 14/03/2025 - 21:53
"Cultura Nacional: Desafio de Valorização e Unidade no Brasil"
O artigo discute a necessidade de uma reeducação cultural no Brasil para valorizar produções nacionais e superar a fragmentação política que impede a criação de ícones culturais unificadores. Destaca o sucesso de obras brasileiras no exterior e critica a falta de reconhecimento interno. Defende que reconhecer produtos culturais nacionais é celebrar a diversidade,não endossar ideologias específicas.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Acabei de vir do SXSW,um dos maiores eventos de inovação e previsão de tendências do mundo. Sem os asiáticos com seus avanços tecnológicos,ficou provado que grande parte das novidades globais segue as projeções dos painelistas que lá estavam.
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Como é sintomático nesses encontros,o SXSW deixou a desejar no espaço para diversidade,salvo a Casa São Paulo,organizada por empresas e pelo governo do estado. Senti falta de variantes e complexidades do nosso país.
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Mesmo no clima do sucesso mundial de “Ainda estou aqui” — dirigido por Walter Salles,com grande desempenho de Fernanda Torres e Selton Mello,Oscar de Melhor Filme Internacional —,ainda surgem questões antigas sobre a valorização interna dos nossos feitos.
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Somos uma das nações culturalmente mais ricas do mundo e,mesmo assim,temos eternas dificuldades de transformar conquistas artísticas em símbolos nacionais unificadores. A polarização política e social tem impedido que manifestações culturais sejam reconhecidas como parte da identidade nacional.
Se formos ao setor privado,guardadas todas as divergências que se tenham,são ativos como iFood,Podpah,Cufa,dentre tantos outros feitos brasileiros que,na sua grandiosidade,não se afirmam lá fora pela relevância real que possuem. Chegou a hora de isso mudar.
Nos Estados Unidos,o cinema de Hollywood,o jazz e o hip-hop são indiscutíveis expressões da identidade americana,abraçadas tanto pelo governo quanto pela sociedade e pela iniciativa privada como produtos nacionais de excelência. Como eles dizem: a América primeiro. E nós?
Nesse âmbito,o Brasil segue engatinhando. Cada avanço cultural enfrenta enorme resistência,e a resposta está na fragmentação política e no preconceito social que cercam determinadas expressões.
Ao comentar isso com meu amigo Nizan Guanaes,com quem debato longamente diversos temas,fomos flagrados com o funk brasileiro,apontado pela revista The Economist como próxima grande tendência musical do mundo,ainda ser alvo de perseguição dentro do próprio país.
O debate cultural não pode ser sobre qualidade ou impacto,mas sim sobre pertencimento. A deslegitimação sistemática está nos impedindo de construir ícones nacionais e de consolidar uma identidade coletiva forte. A questão não é se o Brasil tem produtos culturais capazes de se tornar símbolos nacionais,mas sim por que escolhemos não reconhecê-los como tal.
Precisamos de uma mudança de mentalidade,uma reeducação cultural que nos ensine a valorizar nossas próprias produções. A sociedade precisa entender que reconhecer um produto cultural como representativo do país não significa endossar uma ideologia específica,mas sim celebrar a riqueza e a diversidade do Brasil.
Temos de parar de destruir nossas próprias conquistas em nome de disputas ideológicas. E,nisso,precisamos abraçar com amor e alegria da Fernanda Torres aos meninos do Podpah.
Esse lugar está vago,e nós ainda não estamos lá!