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Colecionador que pagou R$ 35 milhões por banana abre processo para recuperar Giacometti de R$ 460 milhões
2025-02-06
HaiPress
Reprodução da escultura 'Le Nez',de Alberto Giacometti,em página de leilão da Sotheby's — Foto: Reprodução Sotheby's
RESUMO
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Justin Sun processa David Geffen por venda fraudulenta de escultura de Giacometti
Justin Sun,colecionador de arte,processa David Geffen por venda fraudulenta de escultura de Giacometti de R$ 460 milhões. A peça "Le Nez" teria sido vendida sem autorização,envolvendo esquema elaborado com falsificação. Sun,conhecido por comprar a banana de US$ 6,2 milhões,busca reaver sua obra. Geffen nega as acusações,alegando que Sun estava ciente do acordo. O colecionador exige restituição ou compensação substancial.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Um colecionador abriu um processo contra David Geffen para ter de volta uma valiosa escultura de Giacometti. Segundo ele,a peça foi vendida sem seu conhecimento por sua consultora de arte como parte de uma fraude elaborada.
A banana de US$ 6,2 milhões: O que o comprador realmente leva? Ele vai comer a banana? O que é arte conceitual?José Eduardo Agualusa: A 'bananalidade' da arte
Justin Sun,um empreendedor de criptomoedas e colecionador de arte de Hong Kong,diz no processo aberto em Nova York que pagou US$ 78,4 milhões pela escultura "Le Nez". A obra então,de acordo com a denúncia,teria sido roubada e vendida pela ex-consultora,identificada no processo como Xiong Zihan Sydney.
Sun atraiu grande atenção pública no mundo da arte no ano passado quando pagou US$ 6,2 milhões por uma obra que consistia em uma banana presa a uma parede com fita adesiva. Posteriormente,ele comeu a banana. (A banana foi o centro de uma obra de arte conceitual de 2019,"Comedian",do artista Maurizio Cattelan. Ela vem com um certificado de autenticidade e instruções de instalação para os proprietários substituírem a banana — se desejarem — na parede sempre que ela apodrecer.)
Entenda o caso
Xiong ajudou Sun a comprar o Giacometti num leilão em 2021 e sugeriu em entrevistas que a escultura se tornaria parte de uma coleção da Fundação APENFT,uma plataforma que Sun estava estabelecendo para ajudar a preencher a lacuna entre o mundo da arte e o metaverso.
Mas os advogados de Sun disseram em documentos judiciais que ele continuava sendo o dono da obra e que Xiong havia falsificado sua assinatura em documentos relacionados ao acordo. Como parte do esquema,afirmam os documentos judiciais,a consultora teria inventado a existência de um advogado que supostamente supervisionava o acordo e então enviou e-mails se passando por esse advogado. Xiong não foi encontrada para comentar.
O advogado de Geffen,Tibor L. Nagy,divulgou uma declaração na qual caracterizou as alegações de Sun no processo como "bizarras e infundadas" e sugeriu que Sun simplesmente queria desfazer o acordo. "Chamamos isso de remorso do vendedor",diz a declaração.
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No processo,os advogados de Sun disseram que os dois negociantes de arte e o advogado deles que trabalharam com Geffen,um importante colecionador de arte e filantropo,deveriam ter questionado "sinais de alerta óbvios" sobre a legitimidade da venda antes de prosseguir. Eles descreveram um desses sinais como o fato de que o suposto advogado estava se comunicando por meio de uma conta pessoal do Gmail em vez de um endereço mais profissional.
"Os réus devem restituir ou pagar danos muito substanciais ao autor",disseram os advogados de Sun sobre a escultura,de acordo com o processo.
Os advogados de Sun disseram que seu cliente havia,em 2023,"manifestado interesse" em encontrar um comprador que pagasse mais de US$ 80 milhões pela escultura de bronze,aço e ferro de Giacometti que retrata uma cabeça suspensa e enjaulada com uma mandíbula escancarada e um nariz alongado. Mas os documentos do tribunal dizem que ele nunca deu a seu consultor autoridade para negociar um acordo,apenas para pesquisar compradores.
O processo diz que,no entanto,o consultor negociou um acordo com os representantes da Geffen por um valor menor do que Sun estava buscando. Sob o acordo,segundo os documentos judiciais,Geffen entregou duas obras de arte que juntas valeriam US$ 55 milhões mais outros US$ 10,5 milhões em dinheiro,em troca do Giacometti.
Justin Sun come uma obra de arte de banana composta por uma banana fresca presa a uma parede com fita adesiva — Foto: AFP
"O autor nunca teria concordado com tal transação se tivesse sido informado sobre ela — o autor havia expressado interesse apenas em vender 'Le Nez' por um lucro sobre o que pagou e em um acordo totalmente em dinheiro (ou equivalente)",disseram seus advogados nos documentos judiciais.
Mas em sua declaração,Nagy,o advogado da Geffen,sugeriu que Sun estava ciente do acordo. "O Sr. Sun recebeu duas pinturas e US$ 10,5 milhões pela escultura que vendeu",disse a declaração. "Depois de tentar e não conseguir vender as pinturas,ele agora quer renegociar o acordo."
No processo,os advogados de Sun disseram que ele não percebeu que a escultura havia sido vendida até muitos meses depois da compra. O processo diz que a consultora de arte usou o dinheiro para sugerir a Sun que ela havia encontrado um colecionador interessado na escultura que havia feito um depósito de US$ 10 milhões. Eles dizem no processo que ela então encaminhou essa quantia para Sun e ficou com os US$ 500 mil restantes para si mesma.
Segundo o processo,Sun só descobriu o esquema em dezembro passado,quando voltou à consultora e a questionou sobre a falta de progresso no acordo. Os advogados disseram que então entraram em contato com os representantes de Geffen,mas foram informados de que ele não pretendia devolver a obra.