03-13
Os novos passos, na visão de Haddad
2025-02-06
HaiPress
Fernando Haddad,ministro da Fazenda,durante entrevista à Míriam Leitão — Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 05/02/2025 - 23:03
Proposta de Reforma do IR com Enfoque na Equidade; Inflação Acima da Meta e Política Monetária Gradual em Debate
Ministro Haddad entrega proposta de reforma do IR a Lula,focando em isenção para rendas menores e imposto mínimo para as mais altas. Previsão de inflação acima da meta até junho,mas convergindo. Haddad defende política monetária gradual. Ajustes fiscais em pauta,com foco no Congresso e medidas para estabilidade financeira. Lula teme ajustes que afetem os mais pobres. Haddad elogia trabalho do Congresso e destaca importância de política econômica como política de Estado. Afirmou não ter pretensão de candidatura e defenderá legado até 2026.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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O ministro Fernando Haddad já entregou ao presidente Lula a proposta da reforma do Imposto de Renda,e agora começarão as consultas internas. Segundo o ministro da Fazenda,o projeto segue o que foi apresentado no ano passado: isentar quem ganha até R$ 5 mil e cobrar um imposto mínimo para quem tem renda de R$ 50 mil ou mais. Quem tem carteira assinada e tem essa renda mais alta não será afetado porque já paga na fonte. Outras reformas retomadas são a do corte nos supersalários e a da mudança na aposentadoria dos militares,que levou o ministro Haddad a uma conversa com as três forças e o ministro da Defesa.
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Haddad me concedeu uma longa entrevista ontem,que foi ao ar na Globonews. O ministro avalia que a inflação deve sim permanecer acima do teto da meta até junho,como previu a ata do Copom,mas disse que “no horizonte relevante” estará convergindo para a meta,
— Eu acredito que podemos ter boas novas no front inflacionário,se a política for bem conduzida,com a safra e o câmbio. A política (monetária) restritiva,não numa dose de matar o paciente,mas para trazer gradualmente para o centro da meta. É a defesa que eu faço. O Banco Central tem que ter inteligência e vamos ver se,em junho,se a inflação estiver em cima da meta,como provavelmente estará,se estará na trajetória convergente para a meta.
Brinquei com a declaração dele sobre o câmbio,quando disse que se chegasse a R$ 5,70,compraria. Como está quase lá,perguntei se estaria na ponta compradora. “Na verdade eu nem devia ter falado isso,foi no calor do debate,o ministro da Fazenda tem que zelar pelo equilíbrio macroeconômico e o dólar no Brasil é flutuante desde 1999 e é bom que seja assim”.
Sobre as críticas à política fiscal no fim do ano passado,por economistas que consideravam que a disparada do dólar tinha relação com o aumento do risco fiscal,o ministro disse que no ano passado,mesmo contando os gastos para enfrentar a tragédia do Rio Grande do Sul,o gasto público foi da ordem de 18,5%,sendo que nos anos anteriores teria ficado em 19,5%.
— E muitos economistas que vieram me dizer que acabou o controle (fiscal) estavam em governos responsáveis por algumas tragédias que aconteceram. E eu não vejo essas pessoas com honestidade necessária para dizer que realmente o governo atual está enfrentando problemas herdados dos governos anteriores — disse Haddad.
O fato é que o país tem déficit há muitos anos,tem dívida alta,crescente e cara. Por isso perguntei sobre a fala do presidente de que se dependesse dele não haveria mais medida fiscal. Haddad disse que Lula tem medo de ajustes que recaiam sobre os mais pobres.
—Tudo o que você leva para a mesa do presidente Lula,ele leva a sério. Eu nunca vi o presidente dispensar uma medida mesmo quando é dura ou impopular.
Haddad elogiou o Congresso,disse que as propostas enviadas pelo governo foram aprovadas em sua maioria,e afirmou que serão enviadas 15 propostas de ajustes este ano. Contou que conversou com o deputado Hugo Motta sobre o limite aos supersalários.
—Acredito que o Congresso vai saber lidar com isso e,na minha opinião,vejo sensibilidade hoje para algo que já se tornou quase um clamor social.
Haddad disse que na conversa com Motta,para entregar os projetos prioritários para o governo,pediu que se evitasse pauta-bomba.
— Evitando pauta-bomba,evitando distorções,atacando ineficiências,e se fizermos isso,não estamos longe de conseguir estabilidade financeira em termos fiscais.
O ministro contou ainda que tem falado no Congresso que é importante que a política econômica ser uma política de Estado e não partidária. Perguntei sobre o fogo amigo sobre o ministério.
—Aqui tem fogo amigo,tem fogo inimigo,tem fogo para todos os gostos.
Quis saber se ele estava cansado do cargo e ele disse que “depende da semana,tem semana que é difícil”. Mas disse que está com o presidente há muito tempo e que eles já enfrentaram tempos mais difíceis. Que terá muito trabalho este ano,que não será ano eleitoral,e que em 2026 o trabalho também será árduo até o final.
— Não tenho pretensão de ser candidato. Gostei do que fiz,estarei (no fim de 2026) terminando quatro anos de trabalho super extenuante,e vou defender esse legado.
(Com Ana Carolina Diniz e Luciana Casemiro)