Pesquisadores usam larvas de farinha para combater o problema dos resíduos plásticos na África; entenda

2024-11-14     HaiPress

As larvas do besouro da farinha,conhecidas cientificamente como 'Alphitobius',são capazes de degradar poliestireno,um plástico que se acumula em grandes quantidades tanto em ambientes terrestres q — Foto: ICIPE

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GERADO EM: 13/11/2024 - 14:46

"Besouros da farinha do Quênia: larvas biodegradam plástico"

Pesquisadores do Quênia descobrem larvas de besouro da farinha capazes de biodegradar plástico,oferecendo esperança na luta contra a poluição plástica na África. Estudo revela eficiência das larvas em degradar poliestireno com ajuda de bactérias intestinais,apontando para uma solução sustentável.

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Cientistas do Centro Internacional de Fisiologia e Ecologia de Insetos (icipe),no Quênia,revelaram uma nova esperança para o problema dos resíduos plásticos: as larvas do besouro da farinha. Em um estudo publicado na "Scientific Reports",a equipe demonstrou que essa larva,nativa da África e conhecida cientificamente como "Alphitobius",pode degradar poliestireno,um dos principais tipos de plástico,com a ajuda de bactérias intestinais. Essa descoberta representa uma alternativa promissora e sustentável para a gestão de resíduos plásticos,especialmente no continente africano,onde o uso de plástico cresce de maneira acelerada.

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O impacto dos resíduos plásticos é um dos desafios ambientais mais prementes do planeta na atualidade. Com mais de 400 milhões de toneladas de plástico sendo produzidas globalmente a cada ano e apenas 10% reciclado,a poluição plástica se tornou um problema ambiental crítico,contaminando solos,águas e ecossistemas inteiros.

Estima-se que entre 19 a 23 milhões de toneladas de plásticos acabam nos oceanos,rios e lagos anualmente,contribuindo para uma crise de poluição que afeta tanto a biodiversidade quanto a saúde humana. Em um contexto onde métodos tradicionais de reciclagem apresentam limitações e até riscos ambientais,a descoberta de alternativas sustentáveis é essencial.

A África,segundo continente mais poluído do mundo em termos de plástico,apesar de representar apenas 4% do consumo global,sofre com o aumento do uso de plásticos de uso único,que são descartados rapidamente.

Esses plásticos acabam frequentemente poluindo solos e cursos d'água,servindo até como criadouros para mosquitos,além de entrarem na cadeia alimentar e liberarem produtos químicos tóxicos.

Nesse cenário,o estudo realizado pelo icipe traz uma solução inovadora ao explorar a capacidade digestiva das larvas do besouro da farinha,que demonstraram uma surpreendente habilidade para biodegradar plásticos.

A digestão do plástico pela larva da farinha

As larvas do besouro da farinha,conhecidas cientificamente como "Alphitobius",um plástico que se acumula em grandes quantidades tanto em ambientes terrestres quanto aquáticos.

Esse plástico é amplamente utilizado em embalagens de isopor,recipientes de alimentos,pratos e copos descartáveis,e isolamentos na construção civil. Os métodos tradicionais de reciclagem de poliestireno,como os processos químicos,térmicos e mecânicos,são caros e liberam compostos tóxicos,que trazem riscos para o meio ambiente e para a saúde.

De acordo com o estudo publicado em setembro de 2023 na "Scientific Reports",as larvas foram alimentadas com uma dieta que incluía poliestireno. Os resultados foram animadores: as larvas foram capazes de consumir cerca de 50% do poliestireno oferecido,com eficiência digestiva aumentada quando o plástico era misturado a farelo de grãos.

Esse índice de biodegradação é significativo,considerando a natureza complexa e resistente dos polímeros de plástico.

Um dos aspectos mais inovadores da pesquisa está na descoberta de que o processo de degradação do plástico pelas larvas é mediado por um consórcio de bactérias em seus intestinos. Durante os testes,os pesquisadores identificaram bactérias dos gêneros "Kluyvera","Lactococcus" e "Klebsiella",que desempenham um papel fundamental na digestão dos polímeros complexos do plástico.

Essas bactérias produzem enzimas capazes de quebrar as longas cadeias do poliestireno,transformando-as em compostos mais simples,que são então digeridos pelas larvas sem que sua saúde seja comprometida.

O potencial para a implementação desse processo em larga escala ainda depende de mais pesquisas. No entanto,os cientistas do icipe estão otimistas e já exploram possíveis colaborações com outras instituições para desenvolver sistemas de biorremediação baseados nos organismos encontrados.

Além disso,o uso de bactérias isoladas das larvas para criar soluções microbianas customizadas para a degradação do plástico é uma possibilidade interessante e poderia significar uma solução escalável e de baixo custo para o problema da poluição plástica.

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