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Carne de cordeiro não precisa ficar restrita à alta gastronomia
2024-09-24 HaiPress
Felipe Vogt,da Celebra,aposta na industrialização para ampliar mercados — Foto: Divulgação
RESUMO
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Produtores buscam popularizar carne de cordeiro com novas apresentações
Produtores brasileiros buscam popularizar carne de cordeiro com novas apresentações,como linguiças e hambúrgueres,visando atrair consumidores mais jovens. Embora o consumo cresça,ainda é abaixo da média mundial. Desafios incluem reduzir informalidade,aumentar oferta e tornar a carne ovina competitiva. Setor busca ampliar mercado além da alta gastronomia.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Ainda associada à alta gastronomia,a carne de cordeiro tem ganhado novas apresentações no Brasil,em um movimento para torná-la mais popular. No lugar do tradicional carré,linguiças e hambúrgueres ganham espaço na estratégia para apresentar a proteína para quem nunca consumiu ou mesmo quem já comeu e não gostou,uma vez que a carne ovina tem uma sabor mais forte que a bovina.
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— Há alguns estudos apontando que a idade média dos consumidores de carne ovina é de 35 a 37 anos,um público que já tem uma renda mais consolidada. Mas eles também mostram que existe um universo de consumidores muito grande a ser explorado — diz Espedito Cezário Martins,pesquisador do Centro de Inteligência e Mercado de Caprinos e Ovinos (CIM),da Embrapa.
Foi de olho nesse universo que o frigorífico gaúcho Celebra,de Salvador do Sul (RS),decidiu investir em embutidos e outros derivados. Esses produtos proporcionaram um crescimento de 50% no volume de vendas em um ano,segundo o empresário Felipe Vogt:
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— A gente incorporou os processados para trazer esse público mais jovem para o universo da carne ovina,e deu muito certo.
Abaixo da média mundial
Segundo a Embrapa,o consumo no país tem crescido cerca de 5% ao ano,puxado principalmente por grandes centros consumidores São Paulo e Rio. Juntos,esses dois mercados representam mais de 30% das vendas da Celebra.
Um dos restaurantes atendidos pelo frigorífico está o Pobre Juan. Inspirado na culinária argentina,a rede,presente em bairros nobres das principais cidades brasileiras,sempre teve o cordeiro em seu cardápio,mas recentemente incluiu o chorizo de ovino.
Um dos restaurantes atendidos por Felipe Vogt,do Celebra,com a carne de cordeiro é o Pobre Juan,inspirado na culinária argentina — Foto: Divulgação
— A gente montou um mix de chorizo,incluindo o de cordeiro,o que dá a oportunidade de quem não conhece provar a carne ovina,o que vem dando muito certo. Dentre as entradas,essa é a que mais vende — afirma o diretor de Operações da rede,Silvano Toneli.
Atualmente,o consumo per capita no Brasil de carne ovina é estimado em 600g por habitante,bem abaixo da média mundial,de 1,8 quilo,segundo dados da FAO.
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Mas a avaliação de Martins,da Embrapa,é que esses números estão subestimados,devido à elevada informalidade existente no setor.
— Hoje,a maioria dos grandes consumidores adquire a carne importada de países vizinhos,sobretudo Uruguai,quando poderiam estar trabalhando com o produto nacional,criado e abatido aqui — afirma o pesquisador.
Compras do Uruguai
Segundo Martins,o nível de informalidade do setor chega a 70% dos abates do país,enquanto o consumo real pode passar de 10 quilos por habitante ao ano nas regiões onde está mais disseminado,como o Nordeste e o Sul do país.
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Ao todo,o Brasil importou 4,3 mil toneladas de carne de ovinos in natura em 2023,pouco acima das 4,1 mil toneladas do ano anterior,segundo dados do Agrostat,do Ministério da Agricultura. Boa parte desse volume — 3,8 mil toneladas — veio do Uruguai.
Quando somados todos os setores,de carne,leite e lã (incluindo caprinos),a estimativa da Embrapa é que esse mercado gire em torno de R$ 2,7 bilhões anualmente no Brasil.
— A gente não pode popularizar a carne ovina sem ter para oferecer depois — reconhece a gerente administrativa da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco),Lorena Riambau Garcia.
Ela ressalta que esse trabalho precisa ser feito de forma cuidadosa,a fim de garantir o abastecimento ao consumidor final:
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— Precisamos trabalhar para que a carne ovina seja competitiva e esteja presente com constância nos mercados,senão não adianta.
Garantir a oferta
Lorena defende a necessidade de aumentar o rebanho do país,hoje de 21,8 milhão de cabeças,frente a 238 milhões de bovinos.
— A prioridade hoje é aumentar rebanho. Esse é o principal trabalho. O produtor precisa entender que ele não ele não pode vender 300 cordeiros hoje e no mês que vem não ter nada para entregar para a indústria — ressalta a gerente da Arco.
Uma vez superado esse desafio,o objetivo do setor é transformar a carne ovina em mais uma opção para o dia a dia do consumidor brasileiro,extrapolando os cardápios sofisticados da alta gastronomia.
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Lorena,da Arco,reconhece que esse avanço não vai ocorrer “de hoje para amanhã”:
— Estamos trabalhando muito forte nas potencialidades e nas oportunidades que a carne ovina ainda tem no mercado brasileiro.