Candidato de Bolsonaro, Ramagem aposta em 'revolução dos otários' no Rio

2024-09-22     HaiPress

Bolsonaro participa de evento na praça Saens Pena,na Tijuca (RJ),ao lado de Alexandre Ramagem,pré-candidato à prefeitura do Rio — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

RESUMO

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GERADO EM: 22/09/2024 - 00:01

Ramagem fracassa em estratégia negativa no Rio; Lula critica falta de diversidade judicial

Ramagem,candidato de Bolsonaro,tenta convencer cariocas de que vivem na pior cidade do mundo,mas sua estratégia negativa não decola. Com campanha marcada por erros,como uso de imagens de outra cidade,ele enfrenta aumento da rejeição e queda nas intenções de voto. Enquanto isso,Lula critica a falta de diversidade no Judiciário,mesmo tendo indicado poucos representantes não brancos durante seus mandatos.

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Alexandre Ramagem adotou uma estratégia curiosa para tentar se eleger prefeito. Quer convencer os cariocas de que eles vivem na pior cidade do mundo.

A propaganda do delegado retrata o Rio como um lugar sombrio e perigoso,quase inabitável. Até aqui,o discurso não colou. Apesar de ter o maior tempo de rádio e TV,o bolsonarista está longe de ameaçar a liderança de Eduardo Paes. Se a eleição fosse hoje,seria derrotado no primeiro turno.

Candidatos de oposição costumam investir em campanhas negativas para estimular o desejo por mudança. A questão é combinar o marketing com o sentimento do eleitor. Segundo o Datafolha,a gestão de Paes é aprovada por 51% e reprovada por 13% dos moradores do Rio. Goste-se ou não do resultado,ele indica uma cidade pouco inclinada a arriscar nas urnas.

A aposta no baixo astral já expôs Ramagem a um vexame. No início do mês,ele publicou vídeo em que prometia revelar o “Rio sem maquiagem”. A peça exibia cenas de alagamentos,esgoto a céu aberto e lixo nas ruas. Na imagem mais chamativa,uma placa sinalizava uma cratera no asfalto com a inscrição “Cuidado,buraco novo”. Se tivesse consultado o Google,o delegado saberia que a foto era de outra cidade. Foi tirada em Bragança,no interior do Pará.

O episódio não foi a única lambança do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência. Na semana que passou,a campanha do PL tentou associar Paes ao assassinato da vereadora Marielle Franco porque o prefeito entregou uma secretaria ao deputado Chiquinho Brazão,um dos acusados de tramar o crime. Faltou contar que Brazão foi indicado pelo Republicanos,partido que hoje apoia Ramagem. O bolsonarista foi obrigado a engolir um sermão de Eduardo Cunha,que chamou seus marqueteiros de “incompetentes”.

Com a proximidade da eleição,Ramagem redobrou a presença de Jair Bolsonaro no horário eleitoral. A overdose o ajudou a se descolar do pelotão dos nanicos,mas produziu um efeito colateral. Seu índice de rejeição cresceu mais do que as intenções de voto. Agora 17% dos cariocas querem eleger o deputado,enquanto 37% dizem não votar nele de jeito nenhum.

Em defesa de Ramagem,é preciso reconhecer que sua campanha nunca teve medo de ousar. No programa de estreia na TV,o bolsonarista tentou atrair simpatia chamando potenciais eleitores de “manés”. “Vamos mostrar que dessa vez,nós,os otários,vamos vencer”,conclamou.

Ao que indicam as pesquisas,a revolução dos otários vai ficar para depois.

Supremacia branca

Em jantar com ministros do STJ,Lula reclamou da falta de diversidade na cúpula do Judiciário. Dois dias antes,no Itamaraty,o presidente disse que a Justiça é dominada por uma “supremacia branca,que não tem nada a ver com a realidade brasileira”.

A queixa soaria mais sincera se fosse acompanhada de uma autocrítica. Desde 2003,o petista indicou dez ministros ao Supremo. O único negro foi Joaquim Barbosa. Neste mandato,ele ignorou apelos para substituir Rosa Weber por outra mulher,e Cármen Lúcia voltou a ser a única juíza da Corte.

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