Duda Beat comenta furto de itens em mala: 'Tentei não deixar que afetasse a viagem'

2024-08-18     HaiPress

Duda veste Artemisi em ensaio exclusivo para a Revista ELA — Foto: Pedro Loreto

RESUMO

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GERADO EM: 18/08/2024 - 04:30

Duda Beat: Resiliência e Evolução Artística

Duda Beat,em entrevista,aborda furto em mala durante viagem,resistindo à negatividade. Explora temas íntimos,como aborto e uso de maconha,enquanto revela evolução artística e pessoal. Reconhecida no cenário musical,destaca vulnerabilidade e autoaceitação. Encara desafios com resiliência,sem perder o foco na carreira e nas paixões.

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Enquanto gestava o terceiro e recém-lançado álbum de estúdio,Duda Beat decidiu fazer uma imersão com os músicos e os produtores na Ilha de Itacuruçá,a uma hora de barco do Rio. A ideia,segundo a cantora recifense,de 36 anos,era produzir um disco solar. “Mas choveu praticamente todos os dias”,conta. “Comecei a entender que era um sinal do universo de que,talvez,eu não tenha que ser tão solar assim e meu lugar de poder não seja esse.” O resultado,então,foi a sequência de faixas eletrizantes para “dançar chorando” de “Tara e tal”.

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Reconhecida pelos fãs como “rainha da sofrência pop” desde que despontou na cena alternativa com “Sinto muito”,em 2018,Duda segue se debruçando sobre os dramas amorosos e dilemas existenciais. “Acho que a vulnerabilidade é um fio condutor do meu trabalho. Por mais que tente muito ser a pessoa mais feliz do mundo,por vezes,não sou. Ainda não cheguei à felicidade plena”,desabafa. “Posso,inclusive,acabar descobrindo que isso nem existe. Temos os nossos momentos de tristeza e melancolia,e é importante não ignorá-los,mas acolhê-los.”

Fez do limão uma limonada. “Saudade de você”,o primeiro single de “Tara e tal”,soma mais de 4 milhões de plays só no Spotify. O clipe,com Duda toda trabalhada numa sensualidade oitocentista e coreografias ágeis,tem quase dois milhões de visualizações no YouTube. Um repertório que começa a ganhar também a estrada com a “Tara & Tour”,turnê que roda o Brasil desde maio e chega a Nova York no dia 15 de setembro,na Brazilian Week.

No palco,vê-se um espetáculo em três atos que refletem a caminhada da cantora até aqui. “No começo,estou me enterrando,e isso foi muito proposital”,conta. É algo que relaciona com os anos que precedem o início da carreira,quando a então estudante Eduarda Bittencourt Simões mudou-se do Recife para o Rio,depois de concluir o ensino médio,e tentou,por sete anos,passar no vestibular para Medicina até desistir e optar pela graduação em Ciências Políticas,concluída na UniRio. A decisão pela carreira musical só veio depois de passar dez dias de meditação num retiro,em silêncio absoluto. “Foi um momento em que enterrei parte de mim e renasci querendo fazer as coisas darem certo.”

A 2.300 quilômetros do Rio,na capital pernambucana,a instrumentadora cirúrgica Suyenne Bittencourt acompanhava,com certa angústia,os passos da filha. “Eduarda foi embora porque no Rio havia mais opções de faculdades,mas o pai dela sempre foi contra”,diz a mãe,sobre o tema que causava embate entre ela e o marido,o administrador Tarciso Simões. “Fui culpada por 10 anos. Ouvia cotidianamente: ‘Se essa menina estivesse aqui...’. Por outro lado,pensava sempre em que adiantaria isso,se ela não estaria feliz”,recorda-se,antes de concluir com uma dose de bom humor: “Hoje ele fica quietinho,e digo: ‘Não fale nada,só curta a sua filha’. Depois de todos esses anos,sei que apoiá-la foi uma das melhores decisões da minha vida”.

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Duda mostra o quanto sua mãe está certa a partir do segundo ato do novo show: renasce,em cena,como uma mulher fortalecida e madura. “Alguém que se admira e está cada vez mais segura”,detalha a cantora. Dançando com ainda mais afinco em suas performances,também não se preocupa em cantar a plenos pulmões o show inteiro. “Não estou cantando em todos os refrões nem tenho mais essa necessidade me provar. Quando tenho que cantar,canto. Mas,quando é para dançar,danço”,diz,sobre o desempenho lapidado com as aulas de CrossFit iniciadas há cerca de um ano.

Está também mais engajada na chave da sensualidade,com decotes e roupas justas,toda de bundinha de fora em boa parte das apresentações. “Neste meu terceiro disco,tive a maior comprovação de que sempre fui uma pessoa muito sexual e sensual e,ao mesmo tempo,romântica. E quero que as pessoas me vejam assim”,evocando uma autoestima conquistada,segundo ela,pelo próprio trabalho.

Duda Beat posa em ensaio exclusivo para a Revista ELA

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Duda veste body A.Rolê e top de laço Piesse — Foto: Pedro Loreto

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Blazer Weider Silveiro — Foto: Pedro Loreto

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Duda explora cada vez mais a sensualidade em seustrabalhos — Foto: Pedro Loreto

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Regata em papel e harness em couro Misci,brincos Lilac — Foto: Pedro Loreto

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Vestido Misci e botas acervo do stylist — Foto: Pedro Loreto

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Duda veste Artemisi em ensaio exclusivo para a Revista ELA — Foto: Pedro Loreto

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Publicidade Após lançar terceiro álbum de estúdio,cantora está em turnê pelo Brasil e Nova York

Duda afirma ter sentido muitas inseguranças,“como toda mulher nascida na década de 1980”,enquanto almejava a um corpo que a mídia impunha como o “ideal”. “Já fiz dieta da sopa,dieta da carne,dieta da proteína,até entender que precisava mesmo era malhar,até porque os exercícios não fazem bem apenas para o físico,mas para a cabeça também”,relata. “Os movimentos feminista e corpo livre me ajudaram bastante nesse ponto. Tem dias em que me olho no espelho e penso: ‘Hoje não estou bem’. Mas o legal é observar isso e dizer: ‘Tudo bem. Amanhã vou estar’.”

O tom convicto aparece também quando precisa opinar sobre temas políticos e sociais. Nas últimas eleições,Duda estava entre os artistas que gravaram o jingle do presidente Lula,durante a campanha,e se apresentou no Festival do Futuro,no dia da posse,em Brasília. “Todo ser é político e,para mim,não haveria como ter a minha profissão sem me posicionar nesse aspecto. Vou sempre tentar ser o mais transparente possível com as pessoas,e aí elas decidem se me acompanham ou não”,defende.

E se algum hater entrar na reta,ela diz saber exatamente como agir. “Esse ódio diz muito mais sobre quem o dissemina do que sobre você. É uma coisa que fui aprendendo na terapia. No início,me magoava,mas hoje estou sabendo lidar melhor”,diz ela,que também se posiciona de maneira clara contra o projeto de lei que equipara o aborto legal a homicídio no Brasil. “O corpo é nosso e temos o direito de fazer o que quisermos com ele. Nunca engravidei. Mas,se um dia isso acontecer,quero ter o direito de escolher,assim como todas as mulheres devem tê-lo.”

Com a mesma veemência,defende a legalização da maconha. Usuária da erva,viralizou,semanas atrás,ao falar sobre o assunto numa entrevista dizendo “acordo de manhã,fico de boa e aí...’”,fazendo um gesto com as mãos como se fumasse um baseado. “Não uso todo dia. Mas é importante para me desconectar,olhar pra mim. Para compor,é legal (fumar) porque acaba dando mais amplitude ao meu pensamento”,afirma.

Não fugir a temas delicados nada tem a ver com apreço por polêmicas,demonstra a cantora. Essa lógica,é uma fonte de frustração para ela,quando percebe que,no mainstream,a produção do artista nem sempre é o suficiente para que seja bem-sucedido. “É triste pensar que não é só sobre música,mas sobre exposição também. Isso me pegou muito,porque sei a qualidade do que faço. Acabei de lançar um disco foda e será que se tivesse uma polêmica na minha vida ele não teria muito mais alcance?”

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Talvez. Trata-se,afinal,de uma fórmula mais do que batida no showbiz. De toda maneira,o trabalho dela caminhou com as próprias pernas até chegar aos olhos e ouvidos de quem entende do assunto. Caetano Veloso é um dos entusiastas. Além de convidá-la para as famosas festas em sua casa,no Rio,a cita na música “Sem samba não dá”,do álbum “Meu coco”,ao elencar talentos das novas gerações. Duda também já ouviu elogios sobre as suas composições diretamente de Djavan e conquistou a admiração e a cumplicidade de Luísa Sonza. “É daquelas amizades que levamos para a vida inteira”,diz a cantora gaúcha. “Além de ser uma das poucas pessoas que ainda veem a vida com romantismo,tem um dos melhores acabamentos artísticos do país. É um indie icon.”

O reconhecimento,analisa o veterano produtor musical Marcus Preto,tem a ver com as escolhas e as raízes da artista. “Embora seja completamente pop,ela não perdeu o chip do experimental e da estranheza”,ele observa,relacionando isso às influências recifenses,como o manguebeat,que estão no DNA e no nome artístico da cantora. “Uma pessoa com essas características vai ter sempre um ingrediente fora do padrãozinho,da mesmice desse pop que,às vezes,se perde na repetição.”

Tampouco falta a ela,que escreveu as letras de todas as faixas de “Tara e tal”,histórias para contar em suas canções. Sobretudo aquelas que falam das dores e das delícias do amor. Embora more há cinco anos com o músico Tomás Tróia,com quem namora há sete,ela narra,desde o primeiro disco,a própria evolução em torno desse sentimento. Se no primeiro trabalho aparece imersa em ilusões quase infantis,no segundo,“Te amo lá fora”,já está mais empoderada,embora ainda capaz de cair em enrascadas. “Tinha 8 anos quando me apaixonei pela primeira vez”,recorda-se. “Talvez,chegue (musicalmente) ao momento do amor correspondido,mas tenho tanta coisa para falar sobre isso,que a minha discografia acaba se baseando nessa vulnerabilidade. Além de tudo,o casamento não é maravilhoso todos os dias. Também temos as nossas confusões e devaneios.”

De fato,a vida é mesmo imprevisível. Na última semana,ao voar para a Grécia,onde encontrou amigos como Anitta e Dani Calabresa,Duda teve a mala revirada e vários itens furtados,incluindo uma bolsa Chanel e uma caixa de joias. Cobrou esclarecimentos da companhia aérea em postagens nas redes,mas não deixou que o episódio eclipsasse as tardes solares que estavam por vir. “É muito ruim ter algo levado assim. Mas também tentei não deixar que isso afetasse a viagem”,diz. “Aproveitei o máximo que pude e terei muitas histórias para contar.”

Um dia por vez.

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