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Estreando como comentarista na Globo, atleta trans Luca Kumahara diz que evitava falar em público por causa da voz feminina: 'Nunca me identifiquei como menina'
2024-07-27 HaiPress
Luca Kumahara — Foto: Divulgação
Os mesatenistas brasileiros estreiam neste sábado (27) nos Jogos Olímpicos de Paris 2024,e Luca Kumahara fará sua primeira transmissão como comentarista da modalidade no Sportv. Atleta com experiência olímpica,ele compartilha sua expectativa para essa nova fase,desta vez na cobertura do evento.
— Nunca me imaginei fazendo isso. Quando chegou o convite,me questionei se ia dar conta,se era melhor recusar ou aceitar. Hoje eu vejo que vai ser uma oportunidade muito grande para mim. É uma experiência bem diferente de todas as que já tive.
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Luca participou dos Jogos de Londres,Rio e Tóquio. Filho de japoneses,ele estreou em uma Olimpíada com apenas 16 anos.
— As coisas aconteceram para mim bem cedo,de forma bem precoce. Meu pai sempre me cobrou demais,sempre tive que fazer treino extra. Ele falava: "Campeão só tem um". Então eu tinha que fazer mais que os outros.
O atleta de 29 anos,que é trans,iniciou no ano passado o tratamento hormonal. Ele conta como a família reagiu à transição de gênero:
— Meu pai tem dificuldade de entender o que eu queria dizer até hoje. Eu não sei se ele sabe exatamente o que eu quis dizer,porque para ele tanto faz,entende que eu sou assim. Para ele,todo mundo tem que ser livre,tanto faz o que cada um quer ser,contanto que leve a sério a profissão e que se esforce. Meus irmãos também sempre foram tranquilos,muito abertos para me apoiar,para me acolher. Não tive nenhuma questão com a família,nem com meus amigos mais próximos. Foi um privilégio muito grande. Infelizmente eu sei que não é o cenário real da maioria das pessoas.
Luca fala também sobre o processo de autoaceitação de sua identidade de gênero:
— Não foi tão desconfortável como poderia ter sido. Eu já tinha ciência da minha identidade de gênero desde criança,desde as primeiras memórias. Na verdade,em nenhum momento da minha vida eu me identifiquei como menina. Tive uma questão de disforia com meu seio,apesar de ser muito pequeno e ficar muito disfarçado,então isso também foi uma sorte muito grande que eu tive. Apesar de me incomodar,não era uma coisa aparente para as outras pessoas. Fiz a mastectomia masculinizadora. Uma coisa mais recente foi a questão da voz,que era uma coisa que me incomodava bastante,a ponto de eu chegar num lugar onde eu não conhecia as pessoas e não conversar muito. Comecei a fazer tratamento com uma fonoaudióloga para tentar deixá-la um pouco mais grave,antes mesmo do tratamento hormonal. Hoje eu já estou bem mais confortável com essas coisas.
Perguntado sobre como vai lidar com a exposição durante a transmissão dos Jogos Olímpicos,Luca diz:
— Tenho isso muito bem resolvido dentro de mim. E tenho uma rede de apoio muito ampla. Então eu acho que essas coisas externas não me afetam. Tenho muito claro que as pessoas que são preconceituosas têm questões com elas mesmas,não é comigo. São elas que precisam se tratar,precisam de terapia. Não sou eu o problema,são elas. Então,para mim isso é muito tranquilo. Eu acho que pode sim acontecer de eu sofrer talvez algum tipo de ataque e receber comentários preconceituosos,transfóbicos e tudo mais. Mas,para mim,o problema é com elas mesmas.
Agora competindo na categoria masculina,Luca fala do status de sua carreira como atleta:
— Estou treinando,jogando alguns campeonatos,mas poucos,principalmente perto do que eu jogava antes,que era quase toda semana. Não estou no ritmo ideal,mas tentando de alguma forma buscar motivações. Porque nesse período,principalmente por conta do tratamento hormonal,foram muitas mudanças físicas que ainda não se estabilizaram. Então é difícil lidar com isso. Ao mesmo tempo é muito bom,porque é uma realização pessoal. Para a parte profissional acaba sendo um pouco desafiador.
Conheça os estreantes na cobertura dos Jogos Olímpicos na Globo
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A jogadora de vôlei de praia Ágatha será outra estreante como comentarista — Foto: Reprodução/Instagram
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O ginasta Arthur Zanetti também foi contratado como comentarista pela primeira vez — Foto: Divulgação / Globo
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O ex-tenista Bruno Soares é outro nome da cobertura — Foto: Agência Fotojump
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Medalhista de ouro nas Olímpiadas de Tóquio,Hebert Conceição será outro estreante — Foto: Reprodução/Instagram
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O atleta do tênis de mesa Luca Kumahara também estará comentando os jogos. Ele,que é um homem trans,participou de três Olimpíadas competindo entre as mulheres — Foto: Giovana Pinheiro
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A judoca Maria Suelen Altheman é mais uma novidade — Foto: Reprodução/Instagram
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O nadador Nicholas Santos também fará a sua estreia na função
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Paula Pequeno vai estrear como comentarista das partidas de vôlei — Foto: Reprodução/Instagram
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O judoca Tiago Camilo é outra novidade na transmissão — Foto: Reprodução/Instagram
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Maria Clara Salgado vai estrear comentando as partidas de vôlei de praia — Foto: Reprodução
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Primeiro campeão olímpico da história do surfe,Italo Ferreira participará desta vez como comentarista — Foto: Damien Poullenot/World Surf League
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A jogadora de vôlei Fernanda Garay vai estrear como comentarista no programa “Central Olímpica”
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Sobrinho de Tadeu Schmidt,o medalhista de ouro dos Jogos do Rio de 2016 Bruno Schmidt estreará como comentarista
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A skatista Leticia Bufoni vai estrear na cobertura— Foto: Reprodução/Instagram
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Fernanda Garay estará na cobertura dos jogos — Foto: Divulgação
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